quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O que nos ensinam os cachorros


  Nos últimos meses tenho conversado bastante com meus botões, tentando entender algumas coisas intrigantes nas relações interpessoais, coisas que estão me causando conflitos: Será que é errado nos dias de hoje, ainda acreditar em lealdade? Ou crer na existência desse valor é como acreditar em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Fada do Dente, etc.? Será que somos leais como pensamos ser?

  Essa palavrinha tão conhecida e pronunciada veio por acaso em minha mente enquanto relembrava acontecimentos, algumas desilusões que sofri. Bateu a curiosidade, infelizmente não tenho um Houaiss com 228 mil verbetes e 380 mil definições na cabeceira da cama, por esse motivo recorri ao pai de todos: o Google. A revista Pais & Filhos (versão online) explicou que “a palavra leal vem do latim legális, que quer dizer digno, fiel.” Também encontrei outras definições na web: “Ser leal é ser confiável, é não trair aquele que confia e conta com você. É ser confiável e leal a determinada marca, seu produto e organização” ou ainda “é quando a gente prefere morrer que trair a quem ama.”

  Muito linda a palavra Lealdade, agora vamos tentar encontrar um exemplo prático. Pensei em amigos, pensei em uma relação amorosa e pensei nos meus cachorros. Em uma das poucas brigas que tive com minha amiga de infância recordo que ela me acusava de ter falado demais, deixar escapar um fato ocorrido na sede do Pentágono, na sua casa. Ficamos um pequeno período sem conversar, mas o fato de ter sido desleal com alguém que eu gosto muito, me roubou o sono e a paz, nesse dia preferia ter morrido, ou um pouco menos, sumir por uns tempos para poder ter coragem de me intitular amiga novamente. Amigos podem errar não é? Mas insistir no erro é mais que burrice.

  Chegamos ao clímax do texto, as relações amorosas. Sempre amei as Princesas da Walt Disney, que menina não se encantaria com desenhos tão simpáticos e com finais românticos e felizes? Mas o que acontece com a Cinderela, a Bela, a Branca de Neve e a Bela Adormecida depois de casar com o príncipe encantado? Se elas vivessem no nosso século, provavelmente se divorciariam: Por descobrir uma traição do Príncipe, por perceber que se tratava na verdade de um sapo, uma súbita necessidade de liberdade e troca do lema de vida: “Solteiro sim, sozinho nunca!.” Ou melhor, encontraram um príncipe não tão encantado, mas com atributos suficientes para convencer a largar casa, marido, panelas, filhos, gatos e profissão. Invenção? Pura realidade. As relações são descartáveis, infelizmente. Se lealdade é um dos principais adjetivos que buscamos no outro e ser leal é ser confiável, porque estar com alguém que precisamos vasculhar celular para certificar-se da fidelidade ou infidelidade?

  Puxa, se não podemos contar com amigos, se é impossível confiar em príncipes como o Charles de Gales, em quem confiar? É claro, nos cachorros. Quando nos aproximamos eles vibram, sacodem a cola, latem, pulam, fazem a festa. Quando estamos tristes nos consolam encostando seus focinhos em nosso colo, compartilham dos eventos em família, dos passeios, são ótimos ouvintes. Não falam mal de seus donos, estão sempre conosco, não nos traem e nem mesmo abandonam, exemplos disso são os cães dos moradores de rua, aquecem e acompanham seus amigos em dias de sol e tempestade. Existe ser mais digno, fiel e confiável que o cachorro? Quem dera que homens e mulheres fossem cachorros.

  Porém não podemos conviver apenas com cães, também não é possível entender ao pé da letra que lealdade “é quando a gente prefere morrer que trair a quem ama,” por nessa linha de raciocínio, na tentativa de ser leal seríamos também suicidas. Mas ainda vale acreditar que o amor verdadeiro existe e que o tio da Lealdade, o Sr. Respeito, também está vivo e muito bem casado com a Dona Sinceridade, levar um pouquinho dos valores dessa família para nossa vida e nossos atos pode nos tornar mais próximos dos adoráveis cachorros.

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