terça-feira, 15 de março de 2011

Dê preferência à vida

    A todo o momento presenciamos novas catástrofes resultantes de tempestades, terremotos e maremotos. Junto com bens materiais vão-se vidas e muitos sonhos interrompidos. Mesmo com tantos desastres acontecendo no mundo, acredito que o desrespeito à vida ainda é a maior ameaça para a humanidade.

    Como grande exemplo de egoísmo e intolerância está a guerra diária das ruas. O trânsito deveria ser um espaço de convivência seguro e eficaz, porém as estatísticas nos mostram que milhares de pessoas são vítimas fatais e outras tantas sofrem em vida com sequelas do desafio urbano de locomoção em segurança. Sofremos em doses homeopáticas, enquanto morrem centenas em decorrência de um desastre ecológico são 213 pessoas mortas no Brasil no último feriado de carnaval, resultantes dos quatro mil acidentes registrados segundo a revista Exame, de 10 de março deste ano. Vale ressaltar que são contabilizadas apenas as mortes instantâneas, deixando fora das estatísticas aqueles que falecem em decorrência dos acidentes. Não percebemos que pequenos descuidos e decisões erradas podem causar tanto sofrimento.

    Pode ser uma curva em alta velocidade, uma ultrapassagem arriscada, um descuido, sono, uma discussão pela preferência na passagem. Motivos fúteis? Pode ser, mas provocam catástrofes, tempestades das piores.

    A intolerância e desrespeito ao próximo chegou ao ponto de um motorista gaúcho jogar para cima, literalmente, ciclistas que realizavam um protesto em Porto Alegre em fevereiro deste ano. Pressa? Medo de represálias? Não importa. Por milagre, nenhuma vítima fatal. Infelizmente, muitos feridos.

    Sem precisar sair de Uruguaiana, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, deparei-me com um lamentável acontecimento. Estava fazendo treinamento no micro-ônibus da autoescola, parei num cruzamento e o motorista que conduzia um carro identificado com adesivos de uma empresa local, começou a buzinar intermitentemente. Quando concluí a conversão devidamente sinalizada, observei pelo retrovisor o gesto obsceno do condutor.

    O que eu deveria fazer? Avançar sobre os outros veículos com preferência de passagem? Começar uma briga com o condutor mal educado? Apenas reclamei para a empresa proprietária do veículo, porém o responsável pela mesma possivelmente fosse o motorista impaciente.

    O ser humano tem a capacidade ser tão violento e fatal quanto um tsunami, pois possui emoções descontroladas que podem ser uma ameaça de posse de uma arma de fogo, ou diante do volante de um veículo.

    Se um curso de formação de condutores não é suficiente para mudar a forma de agir e pensar de uma pessoa, são necessárias novas ações que busquem a sensibilização dos pequenos, crianças que ainda estão construindo sua personalidade e hábitos. Deixo neste espaço a minha indignação e revolta aos assassinos e intolerantes do asfalto.

    Veja também:

http://exame.abril.com.br/economia/brasil/noticias/acidentes-de-transito-durante-carnaval-matam-213-pessoas-no-brasil


Um comentário:

  1. Parabéns, Bruna, pelo texto. Foste muito feliz e original na comparação dos fenômenos naturais com os "fenômenos nada normais" de muita gente.
    Parabéns, minha querida. Sucesso!!
    Rosane Gelati

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